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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mensagem vocacional: Carta de uma mãe

“Meu filho:
    Hoje de manhã, quando assistia a tua ordenação sacerdotal, não parava de chorar. Havia esperado com tanta ansiedade este grande dia...
    É por ti, através de ti, filho, que a consagração sacerdotal chega também a mim, porque tuas mãos, tua boca e teu coração são, de certo modo, as mãos, a boca, o coração de tua mãe. Em ti Jesus associou a tua mãe à grande obra da Redenção e jamais me senti tão plenamente mãe como hoje.
    Tu sabes – e recordo para minha confusão – que eu tinha outros planos sobre ti.
    Os planos de qualquer mãe que só vê as coisas deste mundo: uma carreira, um casamento brilhante. Porém, quando tinhas 14 anos, disseste-me que querias ser sacerdote. Eu contestei, fiz o que nunca deve fazer uma mãe cristã. Disse que tirasse da cabeça tanta bobice, que teu pai e eu não estávamos dispostos a te perder, que só a loucos ocorria renunciar a um futuro magnífico por uma carreira tão cheia de sacrifícios...
     Hoje te peço perdão por tantos disparates que disse e te agradeço por não me haveres feitos caso.
    Passaram-se 15 anos. Teus irmãos e irmãs têm suas carreiras. Alguns estão casados, outros casarão brevemente. Teu pai e eu vamos ficando sós.
    Porém, não me sinto triste. E sobretudo não me sinto só. Tu estás conosco.
    Com o correr dos anos compreendi uma estranha verdade: tu és o único filho que nunca me abandona. Não sei explicar isto bem: talvez seja porque o sacerdote guarda para seus pais o amor que os outros voltam para a mulher e para os filhos.
    E, embora eu esteja envelhecendo, não me sinto inútil. Posso e devo colaborar contigo, como me tens dito tantas vezes, com minha oração e meu sacrifício, procurando levar Deus às almas. Assim minha velhice terá a alegria de ser fonte de vida para as almas. Contigo serei mãe das almas.
      
De “SOCIETAS”, dezembro - 1962

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