Extenso painel da situação e evolução dos homicídios na década 1997/2007, no conjunto da população, por Unidades da Federação, capitais, regiões metropolitanas, municípios, faixa etária, sexo, raça/cor, gênero, comparando dados do Brasil com os de mais de 90 países do mundo, o "Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil" aponta: a taxa de homicídios no País está caindo.
Segundo a pesquisa, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari, os índices de homicídio foram crescendo com regularidade até 2003, a uma taxa que superava a casa de 5% ao ano. A partir desse ano e com algumas oscilações, as taxas de homicídio mostram uma inédita tendência de declínio.
No entanto, para algumas Unidades Federadas, a década foi ou de estagnação, como em Pernambuco, Espírito Santo, Rondônia e Acre, ou de crescimento, em alguns casos muito significativos, como Maranhão, Alagoas e Piauí, entre outros. Com isso, nos anos de início e fechamento da década em estudo, a situação do Brasil permaneceu praticamente inalterada, com taxa de 25,4 homicídios em 100 mil habitantes em 1997 e de 25,2 em 2007. Mas, se as taxas de homicídio (em 100 mil) caem nas capitais, de 45,7 em 1997 para 36,6 em 2007, assim como nas dez regiões metropolitanas, de 48,4 para 36,6, no interior do país as taxas elevam?se de 13,5 em 1997 para 18,5 em 2007. Esses dados caracterizam um fenômeno iniciado na virada do século: a interiorização da violência, ou seja, o deslocamento dos pólos nâmicos da violência das capitais e regiões metropolitanas para o interior. Segundo o autor, isso não significa, porém, que os números ou taxas de homicídio no interior são maiores que as dos grandes centros urbanos, mas que o crescimento dos homicídios concentra-se agora em municípios no interior dos estados.
Outro destaque do Mapa da Violência 2010: a partir da década de 1980, o aumento do homicídio no País deve-se ao crescimento dos homicídios entre jovens (15 a 24 anos de idade). Para se ter uma ideia, em 1980, as taxas de homicídio não jovem foram de 21,1 a cada 100 mil; já em 2007, essa taxa caiu para 19,8 em 100 mil. Entre os jovens, se a taxa de homicídios, em 1980, foi de 30 em 100 mil jovens, ela saltou para 50,1 em 2007. Afirma Waiselfisz: "Assim, pode-se afirmar que a história recente da violência que resulta em homicídio, no Brasil, é a história do crescimento dessa violência entre jovens. Uma não terá solução sem a outra."
A edição deste ano do Mapa da Violência fez recortes por diversas faixas etárias - população total, crianças, adolescentes e jovens - além de gênero e de raça/cor. O estudo revela, por exemplo, que acima de 90% das vítimas de homicídio no Brasil são homens, com pequena variação de estado para estado ou de região para região.
Segundo a pesquisa, essa realidade pouco mudou nos últimos anos. Por outro lado, a diferença nas taxas de homicídio entre brancos e negros aumentou entre 2002 (ano inicial do qual se tem dados mais confiáveis) e 2007. Nesse período, o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 (queda de 24,1%). Já o número de vítimas negras não só não caiu como aumentou de 26.915 para 30.193 (crescimento de 12,2%). Com isso, se em 2002 morriam, vítimas de homicídio, proporcionalmente 46% mais negros do que brancos, em 2007, cinco anos depois, essa proporção se elevou para 108%.
Divulgação.
fonte: http://www.revistaviracao.org.br/artigo.php?id=2793
Para acessar mais informações e toda a publicação, visite: